Portalegre-Castelo Branco, 22-02-2019

Internet!… um dom ao serviço do encontro e da solidariedade e do qual já não podemos prescindir. Um recurso excelente, “uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis”, como refere o Papa Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais a viver em 2 de junho próximo. Mas se constitui “uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber”, também está “muito exposta à desinformação e distorção” a ponto de “muitas vezes cair no descrédito”. Em vez de serem “uma janela aberta para o mundo”, podem criar “eremitas sociais” alheados da sociedade ou “tornar-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo”. Mas não é para esse lado manipulador e de mau uso que hoje os convido a olhar. O Papa, embora refira os seus perigos, usa, na Mensagem referida, a metáfora da rede e do corpo para ajudar a descobrir as potencialidades positivas da internet. A rede funciona graças à participação de todos os elementos e lembra uma comunidade forte pela sua coesão e solidariedade, capaz de gerar confiança, baseada no uso responsável da linguagem e da verdade. O corpo é, por sua vez, um organismo que une todos os seus membros e órgãos em função da sua verdade e beleza. Como membros que somos de um só corpo, somos responsáveis pela relação de reciprocidade entre todos, para bem do todo que é esse corpo, a comunidade humana, na sua comunhão e alteridade. Em virtude da nossa origem, “criados à imagem e semelhança de Deus que é comunhão e comunicação de Si, trazemos sempre no coração a nostalgia de viver em comunhão, de viver em comunidade”. O uso da social web “é complementar do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou expressão de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos de experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para fazer juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso”. Esta é a rede que queremos, diz-nos Francisco, “uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres”.
Os Jesuítas responsáveis pelo Movimento do Apostolado da Oração em Portugal criaram, em Braga, em 2014, a plataforma “Click to pray”, uma app para rezar e que tiveram o gosto de apresentar na “Web Summit” de 2017, em Lisboa. Passado dois anos da sua inauguração, em Fátima, a "Click to pray" foi adotada internacionalmente como a app oficial da Rede Mundial de Oração do Papa, incluindo a sua secção juvenil, o Movimento Eucarístico Juvenil. 
Francisco, em 20 de janeiro passado, através de um tablet e frente a dezenas de milhares de católicos, juntou-se a esta nova comunidade online utilizando a aplicação “Click to pray” e recomendando-a aos jovens e a todos os fiéis, tendo ele próprio criado um perfil especial de utilizador: “Gostaria de apresentar-vos a plataforma oficial da Rede Mundial de oração do Papa, Click to pray”, disse ele. Esta app “Click to pray” permite acompanhar o Papa numa missão de compaixão pelo mundo. Dispõe de uma página web e de uma móvel, quer em Android, quer em iOS, redes sociais, traduzidas já em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão e português. 
A plataforma disponibiliza três secções principais: “Reza com o Papa”, com as intenções de oração mensal pelos desafios que a humanidade e a missão da Igreja enfrentam; “Reza cada dia”, com um ritmo de oração em três momentos diários: manhã, tarde e noite; e “Reza em rede”, que é um espaço onde os usuários podem partilhar as suas orações com os outros, entre os quais o próprio Papa Francisco, podendo partilhar as orações entre si, ajudando a rezar e a comprometer-se com os desafios do mundo e a missão da Igreja.
A plataforma foi a app oficial de oração das Jornadas Mundiais da Juventude, no Panamá, para a qual foi criada uma secção multimédia, com vídeos, áudios e meditações. Antes dessas Jornadas Mundiais da Juventude, a plataforma contava já com cerca de 1,2 milhões de utilizadores. A escolha da "Click to pray" como app oficial das JMJ no Panamá, segundo António Valério, Sacerdote Jesuíta desta nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco e coordenador internacional da plataforma, foi, segundo ele, “um momento histórico e surpreendente”.
Deus quis estabelecer comunhão connosco, tomou a iniciativa de vir ao nosso encontro e desafiou-nos a ir ao encontro dos outros. Porque esta aplicação é também uma forma de o fazer, não se esqueça, divulgue e descarregue “Click to pray” no seu telemóvel, entre na rede, reze em comunhão com o Papa e com toda a Igreja.

Antonino Dias

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