‘Say Yes: aprender a dizer sim’.

 

Em ordem à preparação da Jornada Mundial da Juventude, em Portugal, em 2022, o Sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa apresentou uma proposta para a catequese com adolescentes, disponibilizada a todo o país: ‘Say Yes: aprender a dizer sim’.

A proposta, embora com caráter experimental, quer ser um contributo para a renovação da catequese com adolescentes. Reclama trabalho em equipa: párocos, catequistas, famílias e comunidades. Exige uma mudança de paradigma da prática catequética. Como é uma proposta para os de boa vontade, poderá haver, na mesma paróquia, grupos que seguem o projeto Say Yes e outros que seguem os catecismos nacionais. O projeto segue a história da Jornada Mundial da Juventude nas suas diversas etapas e inspira-se no documento conclusivo do Sínodo sobre os Jovens: “Cristo Vive”. Porque pode estimular outros grupos, aqui deixo, com a devida vénia, o testemunho da Catequista Júlia Adega, da Vila de Arronches, Alto Alentejo:

“Há uns tempos (mais ou menos nos finais de Agosto), o sr. Padre disse-me que havia de receber um contacto do Sec. Diocesano da Catequese para alguém falar comigo. Assim foi e, passadas umas semanas, não sei se posso dizer se fui convocada para um encontro em Fátima ou se fui convidada através de uma chamada do secretariado feita pela Irmã Isolinda.

Foi-me dito que haveria de se realizar, no dia 6 de Setembro, à tarde, e dia 7, de manhã, um encontro em Fátima, cujo assunto era a catequese dos adolescentes e que era bom eu estar presente. Não sabia bem ao que ia, mas como tenho abraçado todos os desafios que ao longo da vida me têm sido propostos, lá fui eu. Estavam catequistas das 19 dioceses que, como eu, disseram sim. Apenas uma diocese não aderiu. Entretanto, eu só sabia que o encontro era sobre catequese de adolescentes e de preparação para as Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa no ano 2022, com o Santo Padre. E porquê um projecto para os adolescentes? Porque, pelos vistos, esta faixa etária é a que mais abandona a catequese em todo o país.

Foi então apresentado o Projecto: é um projecto muito interessante, ambicioso e exigente, pois pretende que haja uma boa relação catequista/catequizando, muita responsabilidade, muita disponibilidade, muito gosto pela catequese e sobretudo muito trabalho, não só do catequista, mas também dos catequizandos e que ia ser aberto aos 7º, 8º, 9º e 10º anos. Aqui trabalharíamos todos juntos, 7º, 8º e 9º anos, uma vez que não temos na paróquia o 10º. Fiquei entusiasmada e, porque iria ter este ano os adolescentes na catequese, aceitei este desafio.
Trata-se de um projecto que se intitula Say Yes, isto é, Saber dizer sim, que irá ter a duração de três anos com os nossos adolescentes, pois será nessa altura que estes adolescentes serão os jovens que poderão estar presentes nessas Jornadas Mundiais. Trata-se de uma viagem virtual pelas 15 Jornadas Mundiais da Juventude, desde 1986, em Roma, até ao ano de 2019, no Panamá. Os catequizandos vão ter oportunidade de alargar os seus horizontes culturais e religiosos, pois requer muita pesquisa de textos na internet, através do telemóvel, que eles gostam tanto e em textos e vídeos com as palavras do Santo Padre. Tem também a parte manual, pois têm que construir, desenhar, recolher imagens e fazer colagens.

É um projecto que não será apenas do grupo, mas também da comunidade, pois devemos apresentar o que vamos ficando a conhecer de cada Jornada, saber localizar no mapa mundo o país, saber qual o hino, o tema, o logotipo de cada Jornada o que trabalharam até lá chegarem e a cidade onde aconteceu. Isto tudo acompanhado com leituras bíblicas, cânticos adequados e leituras de textos do Papa Francisco e de São João Paulo II.

Ao longo de cada ano, os catequistas terão também 4 encontros, não só para cada um saber o que se vai fazendo em cada paróquia, mas, simultaneamente, para também termos um espaço de formação.

Este projecto teve início na diocese de Lisboa, para ver se se consegue dar uma nova visão aos nossos adolescentes, que, como disse atrás, vão abandonando cada vez mais a catequese. “Vamos deitar-lhe a mão” como dizia o sr. D. António Moiteiro.

Voltei de Fátima entusiasmada com o projecto e convidei os catequizandos para uma reunião, onde apresentei de uma forma perceptível o que era o projecto e perguntei se estavam dispostos a aceitar comigo este desafio. Foram unânimes em aceitar.

Cada Jornada é trabalhada em 4 encontros, com três momentos: Reconhecer no 1º, Interpretar no 2º e 3º e Escolher no 4º encontro. Também para cada Jornada os adolescentes têm que fazer uma pesquisa sobre a J.M.J. e encontrar o Local; o Tema; o Hino; o Logotipo. Para cada Jornada os adolescentes têm o seu diário de bordo e a catequista tem também o seu.

  Foi apresentada a 1ª Jornada – Roma 1986. E começámos o trabalho. Primeiro que tudo era preciso fazer a cruz que identificasse o nosso grupo. Como fazê-la? Que materiais seriam necessários? Quem a faria? Foram dadas várias sugestões: de madeira, de plástico, de metal, de cartão, de troncos de árvore. Depois de se chegar a uma conclusão, foi escolhida a elaboração com dois pequenos troncos de árvore, isto porque o pai das gémeas trabalha com lenha e elas podiam pedir os troncos ao pai. Agora, quem poderia fazê-la? Um deles, que é escuteiro, ofereceu-se para a fazer e assim nasceu a nossa cruz que nos acompanha em todos os encontros. Ao mesmo tempo era preciso fazer o resto: um desenhou o logotipo, outro fez a bandeira do país, outro pesquisou o hino, outro encontrou na internet o mapa mundo. Todos estiveram presentes e entusiasmados.
Feita a cruz, combinámos o gesto de cumprimento em frente dela. Da internet recolheram o mapa mundo que irá ser necessário em todos os encontros. E assim demos início à 1ª Jornada.

Pesquisaram na internet, através dos seus telemóveis, onde foi e em que ano – Roma/1986. Descobriram o tema dessa jornada (a esperança), ouviram e cantaram o hino feito para a mesma. Leram e interpretaram os textos bíblicos e os do Papa João Paulo II. Preencheram as grelhas. Descobriram no mapa mundo a localização do país e a cidade da jornada.

Fizeram um cartaz e, no final da jornada, combinámos com o sr. Padre e eles apresentaram, numa Eucaristia, o trabalho que já tinha sido feito, e assim terminámos a 1ª Jornada Mundial da Juventude.

E demos início à 2ª Jornada – Buenos Aires 1987, cujo tema é o amor (reconhecer o amor de Deus por todos nós), mas tivemos apenas dois encontros ainda, por terem começado as férias do Natal e eu ter estado doente. Mas mesmo assim, foi alvitrado: porque não irmos aos lares levar uma luz de esperança e de amor aos mais fragilizados e ter um contacto com os idosos e doentes? Todos quiseram. Depois de termos combinado com as responsáveis dos lares as datas em que poderíamos ir, os adolescentes dividiram-se em três grupos, uma vez que as instituições a visitar seriam três e, acompanhados por mim, lá fomos. Eles apresentaram-se e disseram o que iam ali fazer: estar uns momentos com eles, falarem do trabalho que estão a desenvolver e, simultaneamente, deixar uma luz de esperança e de amor e votos de um feliz Natal a todos. Levaram também consigo uma vela como símbolo de esperança e de amor, em conformidade com os temas que tinham trabalhado e pediram para que aquela vela fosse acesa, caso possível, na mesa da ceia da noite de Natal, juntando-se aos 10 milhões de estrelas que seriam acesas naquela noite. Pedido aceite!

Foi um encontro intergeracional muito apreciado por adolescentes, idosos e doentes e pelas responsáveis das instituições, que no final presentearam os adolescentes com um simples miminho e não se fartaram de agradecer aquele momento e pedir que voltássemos outras vezes.

Este é um trabalho que, na minha opinião, tem que ser feito semana a semana em conjunto entre catequista e catequizando. Os dois estão simultaneamente em constante aprendizagem.

É claro que contamos sempre com a ajuda e a colaboração do sr. Pe. Fernando, bem como de toda a comunidade”.

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