Em Portugal, celebramos o Dia do Pai no Dia da Solenidade de São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, o Filho de Deus. Homem justo e bom, homem da escuta e da ação, dos grandes e pequenos gestos, ele passou a vida amando e servindo Jesus e Maria, constituindo, com eles, a Sagrada Família de Nazaré, sempre envolvida no serviço à comunidade humana. Na figura de São José, reconhecemos a dedicação de todos os pais que vivem com alegria e esperança a difícil tarefa da educação dos seus filhos, reconhecendo que, de facto, a família é, sem dúvida, o primeiro espaço do dom e da gratuidade, onde o amor deve atuar e crescer. Se é insubstituível a presença e o contributo da mãe para a saúde e o bem estar da família, hoje vamos destacar a importância da presença e da ação do pai. Constatando a superficialidade do mundo atual, a missão do pai é a de ser capaz de educar e ensinar os filhos a adquirir e a usar todas as ferramentas adequadas para escavar bem até ao fundo, bem até à rocha firme, para que, sobre essa rocha, eles possam construir a sua pessoa e a sua vida, com abertura ao compromisso e à esperança. Esse princípio de construir sobre a rocha firme não é novo, mas Jesus tornou-o presente e necessário. De facto, não se deve construir sobre a areia movediça. A influência exercida sobre as novas gerações já não é tanto a da família, mas a do grupo, muito mais a do mundo, muito mais ainda a do fascinante mundo virtual. A maravilha e as enormes potencialidades que o mundo virtual encerra nem sempre são usadas com os critérios do bem fazer e do construir. Fogem ao real e ao verdadeiro para se deixarem subjugar pelos meros interesses económicos, cativando e explorando os mais vulneráveis que facilmente assimilam, naturalmente constroem fantasias e pensam poder construir um mundo à parte, isolando-se de tudo e de todos. Neste mundo, tão belo quão complicado e esquisito, a educação precisa de humildade e de dedicação, de verdade e de coerência, de confiança e de firmeza credível, em liberdade e responsabilidade. Tantas vezes é preciso remar contra a maré, enfrentar a fadiga e o sacrifício para se poder optar, não pelos caminhos sombrios, esburacados e perigosos, não pelos atalhos, vielas ou carreiros de cabras, mas pelas estradas amplas e airosas que levem a viajar pela vida adentro com gosto e segurança, sempre livres e agradecidos ao Senhor da Vida que a todos ama e quer felizes.

Mesmo que as Escrituras não nos esclareçam se São José também mudava o nome ao martelo quando, em vez de acertar no prego, malhava com ele nos dedos, sim, mesmo que isso, brincando, não nos esteja claro, ele apresenta-se como pai e marido exemplar, é um estímulo, é protetor. Pai presente e sereno, protegeu Jesus, deu-lhe o nome, ensinou-lhe o caminho do trabalho, da obediência e da cidadania. E Jesus iam crescendo “em estatura, sabedoria e graça”. Os filhos, regra geral, nas etapas mais recetivas da vida de crescimento, têm no pai o seu herói. Ele gera confiança, ensina a arriscar, a fazer opções, a encarar a vida: educa com paciência. Francisco escreveu assim: “Os pais devem saber ser pacientes. Às vezes, não há outra coisa a fazer que não seja esperar, rezar e esperar com paciência, doçura, magnanimidade, misericórdia. Um bom pai sabe esperar e sabe perdoar.”
Ao longo dos tempos, mercê da ação continuada dos Papas e de, nos tempos mais difíceis, eles pedirem aos fiéis que recorressem à sua proteção, a devoção a São José foi-se desenvolvendo gradualmente, ao ponto de ser declarado Padroeiro da Igreja Universal e Advogado dos lares cristãos. Determinou-se que, em cada ano e todos os dias, no mês de outubro, Mês do Rosário, se rezasse uma oração a São José e que se lhe consagrasse todo o mês de março, com culto diário. Àqueles lugares em que não existisse esse costume, foi-lhes proposto que, antes do Dia da Festa anual que já vem de 1621, celebrassem um tríduo de oração. E se esse dia não fosse dia de preceito, que os fiéis o santificassem como se, de facto, o fosse. São José também foi apresentado como exemplo para todos os trabalhadores e foi fixado o primeiro dia do mês de maio como festa de São José Operário, Dia do Trabalhador. O Concílio Vaticano II foi confiado à proteção de São José e o seu nome foi integrado no cânone da Missa e faz parte da oração após a Bênção do SS. Sacramento. A sua figura e missão na Vida de Cristo e da Igreja foi tema de uma Exortação Apostólica de São João Paulo II. E Santa Teresa de Ávila afirmava que quem não tivesse quem o ensinasse a rezar, tomasse São José por mestre e não erraria o caminho. Na Aparição de Outubro de 1917, em Fátima, São José, com o Menino, parecia abençoar o mundo. Tanto São José como Nossa Senhora, deram o seu “Sim” aos projetos de Deus. Que cada pai, de mão dada com a sua esposa, também possam dar o seu “Sim” agradecido a Deus, em fidelidade à missão que Ele lhes confiou: os filhos agradecem! Também eles crescerão em “estatura, sabedoria e graça”!

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 13-03-2020.

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