A JMJ é a paz em movimento por entre continentes, povos e culturas, num intercâmbio sem igual de experiências e dons. Ao seu jeito, com o ‘idioma da proximidade’ e da alegria, os jovens fazem ecoar – hoje! -, aquela feliz notícia da radiosa manhã de Páscoa: “Nós vimos o Senhor!” (Jo 20, 25). Ele ressuscitou, está vivo, ide anunciar uns aos outros que Ele vai à vossa frente para a Galileia, lá o vereis! (cf. Mc 16, 7). Nestes dias que se aproximam, o ‘HOJE’ da Galileia é Lisboa, lá o vereis!

“Eu não acreditarei”, dirão os que, como Tomé, exigem ver e tocar. Jesus, com amizade e compreensão, disse a Tomé: “Tu acreditaste porque viste. Felizes os que hão de acreditar sem terem visto” (Jo 20, 29). Estamos entre aqueles que acreditam sem terem visto, somos felizes por isso! O Senhor está vivo e faz-se encontrado por todos quantos, sem medo e com fé, lhe escancaram as portas do coração! Com eles estabelece uma amizade tão forte que a todos dá a sua paz e responsabiliza, em todos confia e a todos envia, em seu nome, pelos caminhos do mundo e da história, a ensinar o que Ele disse e fez, porque é que o fez e disse. Como o mundo seria diferente se todos o quisessem saber e viver!

Animada pelo Espírito que a todos congrega e acompanha, a JMJ é uma assembleia constituída por gente muito para além de “partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes” (cf. At 2, 5-11). É uma assembleia muitíssimo maior do que essa. São milhares e milhares de jovens provenientes de cento e oitenta países a manifestar que amam a vida e gostam de viver na direção certa! E não são meros destinatários da Palavra, são os protagonistas por excelência, são eles que também anunciam e sentem o apelo que a Igreja, em nome de Jesus, lhes faz, a irem por todo o mundo a anunciar a Boa Nova que liberta e salva.

Ao ouvir e anunciar Jesus, ninguém está fora de si nem “embriagado com vinho doce”, como, ‘admirados e perplexos’, alguns afirmaram naquela manhã do Pentecostes quando ouviam falar os apóstolos nas suas próprias línguas (At 2,13). Quem se deixa inundar pelo Espírito, sempre canta e louva as maravilhas de Deus de forma incrível! E ninguém melhor do que os jovens o sabem fazer! Em Lisboa, todos entenderão o anúncio do Ressuscitado na sua própria língua! O Espírito Santo é dom do Ressuscitado destinado a todos os homens, a todas as nações e em todos os tempos. A sua missão tem valor de universalidade no tempo e no espaço. Os que se deixam transformar pela Boa Nova e pelo Espírito Santo aprendem e falam uma linguagem que todos compreendem: é a linguagem do amor e da ternura, a linguagem que faz com que todos tenham um só coração e uma só alma e se amem uns aos outros como Cristo nos amou e ama. É uma linguagem semelhante àquela lalação entre a mãe e o seu bebé, uma linguagem que não precisa de intérpretes, ambos se entendem de forma tão extraordinária e tão bela que vivem e convivem confiantes e felizes.

Sendo uma peregrinação de fé, são os jovens, os menos jovens, as pessoas de boa vontade e todos os voluntários que rezam, estimulam, apoiam e trabalham em prol do êxito da JMJ, que, numa experiência sem igual da catolicidade da Igreja, sem barreiras de origem, raça e cultura, se sentem missão na pista do que dá significado e sentido à vida e às coisas da vida: Jesus Cristo!

Com vitalidade, dinamismo e entusiasmo, toda esta gente de boa vontade testemunha ao mundo o que é que a faz correr em direção à JMJ, mesmo que por entre muitos sacrifícios e algum sofrimento, renunciando ao supérfluo e optando apenas pelo essencial e prático, impondo-se austeridade e exigência pessoal. O que a todos faz correr não é uma motivação semelhante à da Rainha de Sabá que veio dos confins do mundo só para ouvir a sabedoria de Salomão (Mt 12,42). Não correm para ver uma cana agitada pelo vento ou um homem vestido com roupas finas (Lc 7, 24-25). O que os traz a Lisboa é uma razão tão forte e tão envolvente que não se pode comparar seja ao que for. É a presença do Senhor, o Rei do Universo, o princípio e o fim. Ele está no meio de todos, como aquele que serve e ensina a servir. É a centralidade da JMJ na pessoa de Jesus e na sua Palavra, uma Palavra sempre atual e atuante, feita caminho, verdade e vida.

Logo após o seu nascimento, o homem começa a trepar o caminho do tempo e do espaço da sua existência. A peregrinação simboliza isso mesmo. Desde Adão até hoje, a peregrinação é uma constante, às vezes por caminhos errados, é certo. No entanto, mesmo que, por vezes, seja por caminhos errados, eles podem transformar-se num sério momento para reconsiderar e regressar à casa do Pai, em busca daquele abraço apertadinho que acolha, perdoe e console.

Essa é a certeza que anima a nossa esperança! Deus nunca nos abandona nem nos mostra cara de vinagre. De braços abertos para nos abraçar, sempre aguarda o regresso em liberdade do filho pródigo. Não faz perguntas, não censura, fica feliz pelo reencontro, cura as feridas, faz festa, integra e ama sem preconceitos, aponta caminhos que libertam e salvam. Os jovens e as pessoas de boa vontade que têm a graça de participar ou acompanham à distância a JMJ, testemunham a sua comunhão na grande peregrinação que Cristo, a Igreja e a humanidade continuam a realizar através da história em direção à ‘Tenda do Encontro’, à cidade futura e permanente. Nesta caminhada, devemos apostar sempre na fidelidade, na formação, no amor fraterno, na vida comunitária e no serviço.

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 14-07-2023.

 

 

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