São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, Padroeiro dos Párocos, afirmava que “um bom pastor, um pastor de acordo com o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia, e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”. 

Vivamos este dia 4 de agosto em ação de graças pelos Párocos e procurando compreender “a grandeza e a beleza do ministério sacerdotal”. Deus serve-se “de um homem com as suas limitações para estar, através dele, presente entre os homens e atuar em seu favor. Esta audácia de Deus, que se abandona nas mãos dos seres humanos; que, embora conhecendo as nossas debilidades, considera os homens capazes de atuarem e se apresentarem em seu lugar, esta audácia de Deus é realmente a maior grandeza que se oculta na palavra “sacerdócio” (Bento XVI, 11.05.2010). 
Sentimo-nos orgulhosos pelos sacerdotes que temos, rezamos por eles e com eles. Reconhecemos o seu trabalho que, se apaixonante e desafiador, muitas vezes é árduo e cansativo, sobretudo quando se acumulam as paróquias, os trabalhos aumentam, os compromissos se multiplicam, as exigências não diminuem, as incompreensões abundam. Constantemente sob os olhares do povo, não deixam de ser julgados quer pelos profetas da desgraça que em tudo veem obra do demónio e a proximidade do fim do mundo, quer pelos eivados pela mundanidade que gostariam que eles dissessem o que gostariam de ouvir, mas eles, em fidelidade ao seu ministério, não o podem fazer.  
O Cardeal Arcebispo de Boston, no seu livro Anel e Sandálias, afirma que, “se fizéssemos uma sondagem para saber a opinião dos católicos sobre os seus párocos, ouviríamos dizer dum padre mais velho que está gagá, dum mais novo, que lhe falta gravitas. Se prega durante três minutos é preguiçoso, se prega durante dez minutos é um maçador. Se faz obras na igreja é um extravagante e esbanjador, se não as faz é um unhas-de-fome e um desleixado. Se visita os paroquianos é um metediço, se os não visita é um emproado. Se se veste informalmente é mundano, se usa batina é antiquado. Se conta piadas é frívolo, se não conta piadas é sério demais. Deus nos livre de ser gordo, ou careca ou desafinar!… todos querem um bom pregador, ótimo administrador e sempre encantador: Mas, feitas as contas, as pessoas acabam por confessar: “O que nós queremos é um padre que seja santo” (Cardeal Seán O’Malley, Anel e Sandálias, Ed. Paulinas2008, pág.81). 
É evidente que o Padre não recebeu o sacramento da ordem para ser mais santo, mas a aceitação do presbiterado inclui exigências de santidade intrinsecamente ligadas ao seu ministério pastoral, à sua vocação específica. A proposta que Cristo fez a cada um e à qual cada um deu uma resposta consciente e livre, converte-se em missão, através de um processo de amizade e de sintonia com os critérios de valor e as atitudes do Bom Pastor, credível num mundo que pede autenticidade. É um “segue-me” incondicional, com generosidade e disponibilidade, embora reconhecendo a sua fragilidade, a sua pobreza, a necessidade de ajuda e de perdão de Deus. 
Unidos aos Sacerdotes, aos Diáconos, à Vida Consagrada, aos Agentes da Pastoral e a todo o povo de Deus, peçamos ao Senhor da messe que desperte no coração dos jovens a vontade de discernir e abraçar o caminho da vocação sacerdotal para que continuemos a ter padres apaixonados por Cristo e pela sua Igreja, evangelizando e servindo com entusiasmo, alegria, testemunho e persistência, em fidelidade a Cristo, ao Magistério da Igreja e geradores de comunhão através do acolhimento e do diálogo amigo e evangelizador.
Dizia o Santo Cura d’Ars : “Oh como é grande o padre! Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia”. 

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 03-08-2020.

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