Mês de outubro, mês das Missões, mês do Rosário, tempo favorável em direção à Jornada Mundial da juventude! Todo o batizado é missionário por vocação. Nas famílias e fora das famílias, nas comunidades cristãs e para além delas, a ação missionária humaniza, liberta, santifica. Cada um, a seu jeito e nas suas circunstâncias, em fidelidade ao seu batismo, deve ajudar a promover a cultura do encontro em cada um consigo mesmo, com Deus, com os outros, com a própria natureza. Fá-lo-á com o testemunho que dá, com a palavra que diz, com o profissionalismo que mostra, com a alegria com que vive, com a misericórdia que manifesta, com a empatia que gera. O milhão de crianças de todo o mundo que se vão unir na oração do Terço, em 18 de Outubro, pela paz, é um testemunho de valor incalculável, um estímulo. Foi às crianças que a Senhora primeiro se dirigiu a pedir-lhes que rezassem o terço todos os dias, e elas assumiram.

Os secretariados e serviços pastorais e sociais, as confrarias e irmandades, os movimentos e grupos eclesiais são missão. A sua atividade orienta-se, antes de mais, para dentro de cada um e do próprio grupo. Depois, para fora, de forma associativa. São equipa, são grupo, devem planear, agir e avaliar como tal. A sua razão de ser não é compatível com o virar de costas à vida diocesana e à vida das comunidades paroquiais que as originaram. Foram criados com a intenção de serem protagonistas da evangelização, com alegria e esperança, dando as mãos. Anunciar Jesus Cristo, o seu reino e a sua Igreja, promover a cultura da fé e aumentar a quantidade e a qualidade dos fiéis, com persistência e humildade, em comunhão, é o seu mister. A própria comunidade cristã, no seu todo, se é viva, ministerial e profética, é naturalmente missionária através da liturgia e das suas iniciativas, com inclusão das periferias, sejam iniciativas mais culturais ou pastorais, sejam mais lúdicas ou recreativas. Como refere Francisco, “Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão”.

Em 23 de outubro, celebramos o Dia Mundial das Missões. Foi uma equipa do Seminário de Sássari, da Sardenha, Itália, quem, depois de ter promovido com êxito algumas iniciativas de animação missionária, fez chegar ao Papa o pedido de um dia todo ele dedicado às Missões. Dado o seu ardor missionário, ninguém estranhou que Pio XI aceitasse de imediato a sugestão como "uma inspiração que vem do céu". Já na solenidade de Pentecostes de 1922, ele teve um gesto surpreendente e profético. Interrompeu a homilia e, no meio de um silêncio a despertar a curiosidade de todos, pegou no seu solidéu e fê-lo passar por entre a multidão de bispos, presbíteros e fiéis na Basílica de São Pedro, pedindo a sua colaboração para as Missões. Em 1926 instituiu o Dia Mundial, ficando a celebrar-se todos os anos no penúltimo Domingo do mês de outubro. Tem como objetivo incentivar o espírito missionário e a cooperação de todos para a evangelização, a animação e a cooperação missionária em todo o mundo, também mediante a oração e a partilha. O primeiro Dia Mundial foi celebrado em 1927. Os Papas, desde 1963, têm escrito uma mensagem orientadora da vivência deste Dia Mundial. Paulo VI, na sua Mensagem de 1976, escreveu: “O Dia visa, sobretudo, a formação da consciência missionária no seio de todo o Povo de Deus, tanto dos indivíduos quanto das comunidades, o cultivo das vocações missionárias, o progressivo crescimento da cooperação, espiritual e material, a atividade missionária em toda a sua dimensão eclesial”.

‘Sereis minhas testemunhas’ é o tema da Mensagem do Papa Francisco para este ano de 2022. Inspira-se na passagem dos Atos dos Apóstolos: «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (At 1,8). Três expressões resumem os alicerces da vida e da missão dos discípulos: «Sereis minhas testemunhas», «até aos confins do mundo» e «recebereis a força do Espírito Santo». Os confins do mundo começam em casa…

Apelo a todas as famílias diocesanas, comunidades e instâncias pastorais a participarem, ao longo do mês de outubro, nesta missão que Jesus confiou a cada um de nós, a ti também. Não só com a poderosa oração do Rosário. Mas também promovendo outros momentos de oração, reflexão, ação e partilha para fomentar o espírito missionário local e ajudar às necessidades espirituais e materiais dos povos e da Igreja em todo o mundo.

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 30-09-2022.

 

 

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