Se o anúncio da partida de Jesus causou tristeza nos apóstolos, Jesus, plenitude da revelação do Pai, foi-lhes dizendo que era importante que Ele partisse, pois, quando fosse, pediria ao Pai que enviasse, em seu nome, o Espírito Santo, o Espírito da Verdade que lhes ensinaria e recordaria tudo quanto Jesus lhes havia dito e os conduziria à verdade plena. Em continuidade com a obra de Jesus Cristo, a pessoa do Espírito Santo, unida indissociavelmente ao Pai e ao Filho, iria garantir a fidelidade dos discípulos e tornar mais humana a família dos homens e a sua história, dando vida, renovando a face da terra. E a promessa de Jesus foi cumprida:

“Quando chegou o dia da festa do Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao de um vento forte que ressoou por toda a casa onde se encontravam. Foram então vistas por eles umas línguas como de fogo, que se espalharam e desceram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Encontravam-se em Jerusalém, nessa altura, judeus devotos vindos de todas as nações do mundo. Quando se ouviu aquele ruído, juntou-se muita gente e ficaram todos admirados, porque cada um deles os ouvia falar na sua própria língua. A multidão ficou deveras maravilhada, e diziam uns aos outros: «Estes homens que estão a falar não são todos da Galileia? Como é que cada um de nós os ouve na nossa própria língua? Há aqui gente que veio da Pártia, da Média, do Elam, da Mesopotâmia, da Judeia, da Capadócia, do Ponto, da Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia que ficam perto de Cirene. E alguns vieram de Roma. Uns são judeus e outros convertidos à religião judaica. Alguns, ainda, vieram de Creta e outros da Arábia. Todos nós os ouvimos nas nossas próprias línguas falar das coisas maravilhosas que Deus tem feito.» Estavam todos muito admirados, sem saberem o que pensar (…).
Então Pedro levantou-se com os outros onze apóstolos e disse em alta voz à multidão: «Homens da Judeia e todos os que moram em Jerusalém, prestem bem atenção e escutem o que eu vou dizer. Não pensem que estes homens estão bêbedos, pois ainda são nove horas da manhã. O que aqui se passa é aquilo que está escrito no livro do profeta Joel. “Deus diz: Nos últimos dias, espalharei o meu Espírito sobre toda a Humanidade. Os vossos filhos e filhas profetizarão; os jovens terão visões e os velhos terão sonhos. Espalharei o meu Espírito também sobre os meus servos e servas, e eles hão de profetizar em meu nome, naqueles dias (…). Israelitas, escutem estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem que teve a aprovação de Deus diante de todos vós, como viram pelos milagres, maravilhas e coisas extraordinárias que Deus fez por seu intermédio, no vosso meio, como bem sabem. Jesus foi entregue conforme o plano previsto na sabedoria de Deus e vocês mataram-no, crucificando-o por meio de homens iníquos. Porém Deus o ressuscitou livrando-o do poder da morte, porque não era possível que ele fosse dominado por ela (…), e nós somos testemunhas disso. Ele foi glorificado ficando à direita de Deus, que lhe deu o Espírito Santo, como tinha prometido, e enviou-o sobre nós. E isto é o que estão a ver e a ouvir. (…) Portanto, que todo o povo de Israel fique bem ciente que a esse mesmo Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Messias.» Quando ouviram isto, ficaram muito comovidos e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: «Irmãos, que devemos fazer?» Pedro respondeu: «Arrependam-se e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo, para que Deus vos perdoe os pecados. E receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa de Deus é para vós e para os vossos filhos, e para todos os que estão longe: para todos os que o Senhor, nosso Deus, quiser chamar» (cf. At 2, 1-39).
Nesta Solenidade do Pentecostes, peçamos ao Divino Espírito Santo que derrame sobre nós os dons da Sabedoria, Entendimento, Conselho, Ciência, Fortaleza, Piedade e Temor de Deus, para que, iluminados e fortalecidos nos caminhos da vida, sejamos construtores da unidade na diversidade, e possamos dar os frutos de Caridade, Alegria, Paz, Paciência, Benignidade, Bondade, Longanimidade, Mansidão, Fé, Modéstia, Continência e Castidade. 
Pela força do Espírito Santo, a Igreja, com uma experiência de dois mil anos, continua a acompanhar as esperanças da humanidade, transmitindo, como tocha que passa de mão em mão, a começar na família, o Evangelho que é Jesus Cristo. Se há sombras que nos possam causar alguns calafrios, há muitos sinais de esperança, tanto na sociedade civil como na eclesial. E se o caminho percorrido ainda é pouco, não se deve à sonolência do Espírito, mas à dureza do coração humano.

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 29-05-2020.

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