A paróquia é uma comunidade de fé, é uma casa aberta a todos, está ao serviço de todos. Celebra os momentos mais importantes da vida das pessoas e das famílias, educa no caminho de Jesus e do bem, da verdade e do amor. Tem vários serviços de formação na fé, movimentos e associações de fiéis, festas e romarias, colabora com outras instituições. Toma iniciativas de diversa ordem para que a vida da comunidade flua e aconteça festivamente. Nela, os cristãos reúnem-se e convivem, encontram o alimento espiritual da Palavra de Deus e da Eucaristia, rezam pelos vivos e falecidos, celebram os Sacramentos, imploram e dão graças a Deus pelo dom da vida, da família, da fé, da paz, das maravilhas do seu amor. Atende pessoas, visita idosos e doentes, ajuda os mais fragilizados, acolhe imigrantes em busca de ajuda, conserva o património cultural e histórico, cria condições para o exercício da sua missão, gera dinamismo e anima na esperança. Sendo formada por pessoas muito diversas que abraçaram a mesma fé, que aderiram a Jesus e ao seu projeto, que desejam viver na fidelidade à oração e na alegria de anunciar a Boa Nova, anseia por ser uma comunidade de comunidades, uma família de famílias, uma escola de discípulos missionários. Fomenta a corresponsabilidade, a cultura da fé, a partilha de bens para que a ninguém falte o necessário, procura gerar empatia pelo testemunho da vida nova que Jesus veio trazer e propor. Como Lar de família mais alargada e atenta, luta pelo ideal daquela primeira hora em que todos tinham um só coração e uma só alma, constituindo uma verdadeira comunidade de vida e amor. É “o fontanário da aldeia a que todos acorrem na sua sede", como afirmava o Papa São João XXIII.

É certo que nem sempre tudo corre tão bem quanto se desejaria e esperava. É certo que se fica sempre muito aquém daquilo que ela gostaria de proporcionar e transmitir a todos. É certo que a paróquia ideal não existe, os limites humanos são imensos. Mas também é certo que, graças à generosidade de muitos e à plêiade de voluntários, ela oferece a todos, com zelo e dedicação, a sua vida e os seus serviços, tendo como mais alto objetivo a santidade e a formação cristã de cada um para que cada um se sinta protagonista da evangelização.

Para que possa cumprir a sua missão, a paróquia precisa de ser ajudada, também economicamente. Entre nós, a maior parte delas não tem rendimentos que lhe garanta estabilidade e algum conforto para iniciativas julgadas necessárias. As que os têm não serão muitas, e, se os têm, regra geral, é porque também houve quem generosamente lhos doasse. Não são financiadas pelo Estado, embora este as isente de alguns impostos, e, às vezes, colabore na requalificação de alguns edifícios. Esta colaboração, mesmo tratando-se do mais importante e único património com interesse cultural, histórico e turístico, não raro, monumento nacional ou classificado, é ótima e bem-vinda, mas não deixa de ser um pau de dois bicos: se o Estado dá uma parte, a outra parte torna-se insuportável para a comunidade cristã. E são muitas as despesas com o cuidado desses edifícios, com os espaços diariamente dedicados ao culto e à formação, com a eletricidade, a água e a limpeza para bem acolher, com a remuneração dos que se dedicam a tempo inteiro à pastoral, com a ajuda a diversas necessidades sociais, etc. Muitas das paróquias deste interior veem-se em palpos de aranha para satisfazer o seu dia-a-dia, mesmo quando não criam necessidades e educam na austeridade. Mesmo assim, sempre viveram da ajuda dos seus fiéis, do que partilham no contributo paroquial, conforme os costumes locais e a generosidade de cada um ou de cada família, do que oferecem no ofertório das Eucaristias, em donativos ocasionais, em promessas, nas ofertas que fazem à paróquia por ocasião da organização de algum processo, do pedido de algum documento, da celebração de casamentos, batizados, funerais, etc. Muitas, porém, já não têm batizados nem casamentos, e não têm movimento de cartório, têm pouca gente e gente envelhecida que vive das suas pequenas reformas. Fecham-se escolas, abrem-se lares e alargam-se os cemitérios ou constroem-se crematórios. É graças a pessoas atentas e generosas que as paróquias sobrevivem no meio das suas despesas e necessidades. Aparóquia não é uma instituição à parte dos cristãos, uma espécie de central de serviços, onde apenas se vai quando se precisa e se fica tranquilo porque se ‘pagam’ os serviços que ela oferece. O cristão tem consciência de pertença a esta família mais alargada que é a paróquia, sente-se Igreja, ama a Igreja, serve e ajuda a Igreja com os seus talentos e dons, com o seu testemunho e estímulo, com a sua presença e partilha para o culto, a evangelização, as obras de apostolado e de caridade.

É o Conselho Económico da Paróquia quem gere este Fundo Paroquial constituído por todos os donativos, satisfazendo as despesas da comunidade cristã. Durante o ano, há também aqueles peditórios consignados, isto é, aqueles que são feitos para fins determinados da Igreja, a nível geral ou para a Igreja que está em Portugal, como, por exemplo, para a Cáritas, as Missões, os Lugares Santos, a Renúncia quaresmal, etc… Partilhar o tempo e os dons pessoais, partilhar os dons da fé e os bens materiais, conforme as possibilidades, sempre foi uma constante ao longo dos tempos da Igreja, desde as origens.

O Código de Direito Canónico, can. 222, e o Catecismo da Igreja Católica, nº 2043, chamam a atenção para este dever de os fiéis proverem às necessidades da comunidade cristã, para que ela possa enfrentar os desafios pastorais e sociais. Sendo escola de fé, a paróquia é também escola de comunhão, de fraternidade, de serviço, de generosidade e partilha.

Antonino Dias

Portalegre- Castelo Branco, 19-04-2024.

 

 

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