São muitos os temas que este fim de semana nos oferece para sobre eles se refletir e escrever. É uma boa razão para deixarmos de falar nas consequências do estado de calamidade e coisas assim. Embora sejam muito importantes para saber como afastar ou exterminar esse hóspede indesejado e recém-chegado da China, a sanidade mental reclama intervalar no meio de tanto ouvir matraquear sobre tal ciência e tal malfeitor. Iniciamos o Mês de Maio, o Mês do Rosário, durante o qual, se outras iniciativas paroquiais não forem possíveis, haverá, com certeza, em cada casa, um nobre e amoroso cantinho com a imagem de Nossa Senhora, as flores mais belas e a oração do Terço em família. Celebramos o Dia do Trabalhador em Dia de São José Operário, o homem da família, do trabalho, do silêncio e da oração. Este ano, vivemos este dia do trabalhador muito sofrido e angustiante pelas razões que todos sabemos e que exigiu criatividade e reorganização na sua celebração: ninguém, amuado com o covid, poderia bater com o pé no chão a exigir que tinha de ser assim porque sempre assim foi. Celebramos também o Dia da Mãe, em Dia do Bom Pastor e Dia Mundial de Oração pelas Vocações. 

Pedindo uma oração por quem já nos deixou, saudando todos os trabalhadores de hoje entre os quais (e de que maneira!…), também se encontram todas as mães, tendo presente a complexidade dos problemas que persistentemente batem à porta de todos e de todas, muitos dos quais também São José e Maria tiveram de enfrentar, vou fixar-me apenas no mês de maio, o mês tão querido da nossa gente e que, de uma forma ou de outra, a todos interpela e envolve, inclusive os pastores.
É o mês que torna ainda mais palpável a promessa que o Senhor fez de que quando dois ou mais estivessem reunidos em seu nome Ele estaria no meio deles. Alegrias e dores, esperanças e tristezas, êxitos e fracassos, nascimentos e mortes, aniversários e festas, partidas e regressos, escolhas e recusas, trabalho e descanso, tudo, tudo o que faz parte da vida familiar deve ser conteúdo da oração em família. Não só com o sentimento de ação de graças pela intervenção de Deus na vida, mas também para pedir a sua ajuda, com humildade e confiança. O Rosário foi sempre considerado pela Igreja como uma das mais excelentes orações que a família cristã é convidada a fazer em comum. Aliada às outras formas de oração litúrgica, também ajuda a introduzir os filhos, de forma natural, na oração da Igreja, podendo ser eles os protagonistas, liderando esse momento de oração em família. Rezando por eles e ensinando-os a rezar pelas grandes causas da Igreja e do Mundo, irão sentindo a necessidade de se interrogarem sobre o sentido da sua própria vida, qual a sua vocação, que caminho o Senhor lhes apontará, podendo ser o do ministério ordenado ou o da vida consagrada. A insistência é constante: «Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em consonância com os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos, a pensar em Cristo que sofre? a invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos Santos? Rezais o terço em família? E vós, Pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com toda a comunidade doméstica, pelo menos algumas vezes? O vosso exemplo, na retidão do pensamento e da ação, sufragada com alguma oração comum, tem o valor de uma lição de vida, tem o valor de um ato de culto de mérito particular; levais assim a paz às paredes domésticas”, construis a Igreja (FC60). Que as crianças nunca fiquem sem resposta na sua curiosidade de saber e aprendam desde pequeninas que todos somos irmãos e devemos dar as mãos em amor e verdade. Cristo morreu em defesa da Verdade. Em honra das mães que sabem falar de Jesus aos seus filhos e dos filhos que gostam de saber e fazem perguntas, recordo o lindo poema de João de Deus, o grande pedagogo e poeta autor da Cartilha Maternal: 

CRUCIFIXO

“Minha mãe, quem é aquele
Pregado naquela cruz?”
– Aquele, filho, é Jesus…
É a santa imagem d’Ele!

“E quem é Jesus?” – É Deus!
“E quem é Deus?” – Quem nos cria,
Quem nos dá a luz do dia
E fez a terra e o céu;

E veio ensinar à gente
Que todos somos irmãos
E devemos dar as mãos
Uns aos outros irmamente:

Todo amor, todo bondade!
“E morreu?” – Para mostrar
Que a gente, pela Verdade
Se deve deixar matar”.

++++

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 01-05-2020.

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