A Secretaria-Geral do Sínodo acaba de publicar "Pistas para a Fase de Implementação do Sínodo", apelando a trilhar o caminho iniciado por Francisco e confirmado por Leão XIV. Aos Grupos de Estudo canónico, teológico e pastoral, Leão XIV acrescentou mais dois grupos: um para refletir sobre "A liturgia em perspetiva sinodal" e outro sobre "O estatuto das Conferências Episcopais, das Assembleias Eclesiais e dos Concílios Particulares". A Secretaria-Geral garantirá "que as decisões do Papa, amadurecidas também a partir dos resultados desses Grupos, sejam harmoniosamente integradas ao caminho sinodal em andamento". Permanecerá à disposição de todos para ouvir, acompanhar, “animar o diálogo e a troca de dons entre as Igrejas”. Oferecerá, com base nas contribuições e perguntas recebidas, “mais estímulos e instrumentos” e compromete-se a ter sempre "a porta aberta" para ouvir as necessidades, intuições e propostas das Igrejas locais, para "facilitar" o seu trabalho e responder às solicitações de conteúdo e metodologias. Tudo fará para promover a escuta e o diálogo que levará toda a Igreja à Assembleia Eclesial de outubro de 2028, a essa importante ocasião "para compartilhar experiências de renovação de práticas e estruturas em sentido sinodal" e possam ser submetidas ao Papa para uma possível "validação definitiva".
O Documento enfatiza que, neste mundo, “preso numa espiral de violência e guerra sem fim, que luta cada vez mais para criar oportunidades de encontro e diálogo”, há mais do que nunca a necessidade de uma Igreja “sinal e instrumento” da “unidade de todo o gênero humano”. Recorda que muitas Igrejas locais estão a seguir “com entusiasmo” o caminho sinodal; outras, “ainda se perguntam como empreender a fase de implementação ou estão a dar os primeiros passos”. Importante é “avançar com coragem”, enfrentando resistências e dificuldades.
O Jubileu das Equipes Sinodais e dos Organismos de Participação, a realizar de 24 a 26 de outubro de 2025, será uma “oportunidade para construir laços, trocar experiências e nos sintonizar melhor”, procurando que “a ocasião de caminhar juntos fisicamente em direção à Porta Santa se torne uma oportunidade para trocar dons e celebrar aquela esperança que não desilude”. É sempre bom "experimentar práticas e estruturas renovadas" para tornar a vida da Igreja "cada vez mais sinodal". Assim, esta fase não é "uma espécie de exercício", "uma tarefa adicional solicitada por Roma", nem um momento para formular "hipóteses abstratas". Tampouco é um "retorno" ou "uma pura repetição do que já foi experimentado". Esta fase de implementação "faz parte da vida ordinária das Igrejas", devendo-se identificar "caminhos formativos para alcançar uma conversão sinodal tangível nas diversas realidades eclesiais". Nela devem participar homens e mulheres, na variedade de seus carismas, vocações e ministérios; pequenas comunidades cristãs ou comunidades eclesiais de base; paróquias, associações, movimentos; pessoas consagradas. Todos, pois "não pode ser um caminho limitado a um núcleo de adeptos". Importa "ampliar as possibilidades de participação e o exercício da corresponsabilidade diferenciada de todos os batizados". Deve envolver-se aqueles que até agora permaneceram “à margem” deste caminho, “pessoas e grupos de diferentes identidades culturais e condições sociais”, em particular os pobres e excluídos. De igual forma, deve haver um “cuidado especial” para “escutar aqueles que expressaram dúvidas e resistências”. O desejo é que se busquem “instrumentos de escuta” em diversos contextos e não apenas nas paróquias, mas, por exemplo, nas universidades, nos centros de escuta e acolhimento, nos hospitais e prisões, nos ambientes digitais.
O “primeiro responsável” pela fase de implementação em cada Igreja local é o bispo diocesano que deve recorrer a outras figuras e organismos, como os Conselhos presbiteral, pastoral, económico, e, sobretudo, às equipes sinodais diocesanas, cujo trabalho, na fase de consulta, foi “precioso”. Se não fizer parte, será “regularmente informado” sobre os trabalhos, reunindo-se com a equipa “quando for oportuno”. As equipas sinodais devem ser valorizadas, renovadas, reativadas ou criadas onde não existirem, devendo incluir “leigos, leigas, sacerdotes e diáconos, consagrados e consagradas de diferentes idades e portadores de diferentes culturas e modelos de formação”. Também deve ser avaliada a oportunidade de convidar representantes de outras comunidades cristãs ou religiões como “observadores”.
O Documento Final do Sínodo é um texto “rico e orgânico” cujo “conhecimento é essencial promover”, sendo “oportuno” proporcionar “momentos e/ou instrumentos de formação, acompanhamento e orientação na leitura”. Há nele “alguns pontos fortes”, como a “perspetiva eclesiológica”; o impulso ecuménico; a visão de um “diálogo” com outras tradições religiosas e a sociedade. Caminhando juntos como Igreja, as Igrejas locais devem “compartilhar os passos dados em algumas áreas específicas”, como, por exemplo, “o acesso efetivo a funções de responsabilidade e papéis de liderança que não exigem o Sacramento da Ordem por parte de mulheres e homens não ordenados, leigos e leigas, e consagrados e consagradas”. Recomenda-se que o método sinodal não se reduza "a uma série de técnicas de gestão de encontros", mas seja vivido, com esperança, como uma "experiência espiritual e eclesial que implica o crescimento num novo modo de ser Igreja".
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 18-07-2025.