Celebramos o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos no IV Domingo de julho, na proximidade do dia 26, dia da festa de Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus, os pais de Maria, sua Mãe. Juntar a família, homenagear e reconhecer a importância dos avós na família e na sociedade, combater a solidão e o descarte, valorizar a sua experiência, conhecimentos e sabedoria, incentivar o diálogo entre as gerações, são alguns dos objetivos deste Dia Mundial.

Todos estamos chamados a ser protagonistas duma sincera revolução de gratidão e cuidado para com os mais velhos. O termo revolução, aqui, exprime aquela revolução que é levada a cabo pela força da ternura. Aquela que é capaz de fazer surgir uma nova cultura, a civilização do amor. Foi o amor a causa pela qual Deus, que é amor, entrou em relação com o homem. Por amor, e porque nos amou primeiro, de tal forma o fez que nos enviou o seu Filho único, para nos revelar esse amor e nos convidar a viver, amando. Por sua vez, o seu Filho que nos foi enviado, amando os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim, dando a vida por eles.

O amor, é a forma mais alta e mais sublime de relação entre os seres humanos, sendo essa a resposta que Deus espera de cada um de nós e de todas as instituições e sociedades, valorizando a dignidade de cada ser humano. Ao .mesmo tempo, a civilização do amor, implica a gratidão, a capacidade de valorizar as pessoas e de reconhecer essa espécie de dívida que temos para com elas que nos ajudaram a viver na alegria e bem estar, no amor, na fidelidade, na amizade. Que nos ajudaram a ser felizes, mesmo que, por vezes, por entre experiências menos agradáveis. Esta revolução de amor e de gratidão leva a um compromisso global pelos avós, pelos mais idosos. Leva ao cuidado por eles, a ouvir, interagir, proteger, assistir, socorrer, preservar, curar, a tudo fazer pelo seu bem-estar. ‘As pessoas idosas são as primeiras testemunhas da esperança’, assim nos diz Leão XIV, na sua mensagem para o Dia dos Avós. E “a esperança é, em todas as idades, perene fonte de alegria. Além disso, quando é provada pelo fogo de uma longa existência, torna-se fonte de uma bem-aventurança plena”.

Na História da Salvação, Deus serve-se muitas vezes de pessoas idosas, ensinando-nos que, “aos seus olhos, a velhice é um tempo de bênção e graça e que, para Ele, os idosos são as primeiras testemunhas da esperança”. Leão XIV lembra que “a constatação de que hoje o número daqueles que estão avançados em idade aumenta cada vez mais torna-se, para nós, um sinal dos tempos que somos chamados a discernir, para ler bem a história que vivemos”.

Como a vida da Igreja e do mundo só se compreende na sucessão das gerações, “abraçar um idoso ajuda-nos a entender que a história não se esgota no presente, nem em encontros rápidos e relações fragmentárias, mas se desenrola rumo ao futuro”. Assim, “se é verdade que a fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens, é igualmente verdade que a inexperiência dos jovens precisa do testemunho dos idosos para projetar o futuro com sabedoria”. Os avós são, regra geral, “um exemplo de fé e devoção, de virtudes cívicas e compromisso social, de memória e perseverança nas provações! A nossa gratidão e coerência nunca serão suficientes para agradecer este bonito legado que nos foi deixado com tanta esperança e amor”.

O Jubileu, desde as suas origens, representa um tempo de libertação. É bom olhar para os idosos nesta perspetiva jubilar, libertando-os sobretudo da solidão e do abandono, derrubando “os muros da indiferença na qual os idosos estão frequentemente encerrados. Em todas as partes do mundo, as nossas sociedades estão a habituar-se, com demasiada frequência, a deixar que uma parte tão importante e rica do seu tecido social seja marginalizada e esquecida”, diz o Papa.

Se a sociedade precisa duma mudança de atitude, também “cada paróquia, associação ou grupo eclesial é chamado a tornar-se protagonista da “revolução” da gratidão e do cuidado, a realizar-se através de visitas frequentes aos idosos, criando para eles e com eles redes de apoio e oração, tecendo relações que possam dar esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos. A esperança cristã impele-nos continuamente a ousar mais, a pensar em grande”. Francisco, quando hospitalizado, afirmou: “o nosso físico é débil, mas, mesmo assim, nada nos pode impedir de amar, de rezar, de nos doarmos, de sermos uns pelos outros, na fé, sinais luminosos de esperança”.

E o Papa Leão XIV diz-nos que: “O bem que desejamos às pessoas que nos são caras – ao cônjuge com quem compartilhamos grande parte da vida, aos filhos, aos netos que alegram os nossos dias – não desaparece quando as forças se esvaem. Pelo contrário, muitas vezes é justamente o carinho deles que desperta as nossas energias, trazendo-nos esperança e conforto”.

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 25-07-2025.

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